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domingo, 7 de julho de 2013

Para quem quer ser evangélico...

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Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

 
Quem quer ser evangélico hoje? Muitos acham que podem ser chamados de evangélicos porque não matam, não roubam, não mentem, não têm vícios, frequentam igreja, vestem-se de forma decente e não falam coisas inconvenientes. Alguns acham que são evangélicos porque não precisam ser diferentes, isto é, podem viver do mesmo jeito que viviam antes, desde que façam as coisas “em nome do Senhor”. Já outros acham que são evangélicos porque adquiriram um “passaporte” para um mundo-cor-de-rosa, viraram “supercrentes” com o endosso da promessa de jamais ficarem doentes, não terem crises financeiras, nunca enfrentarem grandes problemas. Um grupo crescente acha que ser evangélico é adquirir um salvo-conduto para uma nova experiência que supostamente anule diante da sociedade a infâmia de suas escolhas criminosas anteriores.
Entendo que ser evangélico é algo mais profundo, pois tem a ver com a mente e o coração, refere-se a uma radical mudança interior, não a meras atitudes intimistas e afetações exteriores. Pode-se tentar dar muitas definições, mas ser evangélico jamais passará disso: uma nova criatura transformada pelo poder de Deus e que passa a viver de conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo. Este ponto tem sido ignorado e permitido muitas confusões.
Se voltarmos um pouco no tempo, veremos que no Brasil, no início, diante das perseguições religiosas inclementes, muitos evangélicos pagaram com a própria vida por causa de suas convicções. Evangélico era denominado de “irmão”, “bíblia”, “crente”, tudo de modo pejorativo. Mas, hoje, as coisas mudaram. Com inúmeras igrejas e teologias para todos os gostos e desgostos, ser evangélico ganhou uma conotação chique que destoa de seu antigo significado.
Isso também ocorreu no início do cristianismo, quando os discípulos de Jesus foram apelidados de “cristãos”, eram perseguidos e lançados às feras. Quando, porém, o cristianismo se tornou a religião majoritária e oficial, chamar alguém de cristão virou algo chique, pois não havia mais perseguição e apenas se requeria deles mera formalidade exterior.
É estranho quando mulheres famosas, que se dizem “evangélicas”, posam nuas, falam imoralidades e rebolam “em nome do Senhor”, defendendo com suposta sabedoria de botequim que o exterior não importa, pois, segundo dizem, “Deus quer apenas o coração”. É incongruente quando bandidos contumazes cometem todo tipo de atrocidade, mas, após serem pegos e aprisionados, já se postam com a Bíblia na mão e se dizem “evangélicos”. É no mínimo ridículo quando inomináveis desvios de comportamento procuram ser atenuados como se essa palavra fosse “mágica”.
Podemos ver que algo está errado não só no entendimento do que significa ser evangélico, mas no próprio comportamento dos que, pelo seu mau exemplo, trazem afrontas e vitupério ao nome de Cristo. Penso que o problema dessas pessoas, além de desconhecerem a Palavra de Deus, é que seu infame desvio espiritual fá-las desenvolver, a seu talante, um cristianismo sem Cristo, um discipulado sem cruz, privilégios sem responsabilidades, comportamento sem fé, religião sem amor e cultos sem adoração.
Quem quer ser verdadeiramente evangélico tem de saber que isso significa simplesmente obedecer ao Evangelho de Jesus Cristo. Mas isso, longe de ser “folia” religiosa, é a responsabilidade imanente de uma espiritualidade que faz o comportamento santificado interagir saudavelmente com a própria vida. Por isso Jesus disse: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte” (Mt 5.13).
Salgar, preservar e dar sabor são funções primárias do sal. O propósito da luz é iluminar. De tão evidentes, não necessitam de elucubradas ilustrações. Jesus as utilizou para deixar bem claro que esperava exatamente isso de Seus discípulos, que sua influência fosse semelhante às do sal e luz relativamente na vida da sociedade.
O problema é que há muitos evangélicos apenas nominais, pessoas não regeneradas, portanto, crentes insípidos e em trevas, nem chiques nem miques, que não salgam e jamais iluminam nada. Esses evangélicos nominais tentam alargar o “caminho estreito” da salvação e, assim, fazem com que o nome do Senhor seja blasfemado entre os descrentes.
Em contrapartida, louvo a Deus pelos muitos evangélicos que são fiéis e vivem de modo digno do Evangelho, pois honram o bom nome de Cristo e demonstram, com sua alegria e seu exemplo, que Jesus estava certo. Quando a sociedade julga os evangélicos por quem não vive de acordo com o Evangelho, podemos tirar disso uma certeza: a sociedade espera, de fato, que vivamos exatamente aquilo que pregamos. Simples assim!
Quando somos expostos por causa de uns poucos evangélicos “convencidos” (mas não convertidos), isso só deve nos fortalecer no propósito de continuarmos a viver como sal da terra e luz do mundo, andando em santidade e justiça, cultuando com reverência e santo temor, servindo a Deus com alegria, pois “a alegria do Senhor é a nossa força”.







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