Todos os caminhos levam a Deus?

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Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

 

Há uma afirmação constantemente repetida por muitos como verdadeira, mas dúbia em sua natureza, a de que “todos os caminhos levam a Deus”. Assim, não importaria o meio que alguém escolhesse, com ou sem religião, e então Deus estaria disponível e solícito; e a pessoa, sem nenhum impedimento, poderia chegar à presença do Criador e ser habilitado a viver no Céu. Essa é a perspectiva religiosa do homem.

Jesus disse duas coisas que elevam o debate ao circunscrever essa situação sob a perspectiva de Deus. A primeira, na afirmação de que Ele próprio é o caminho para alguém chegar a Deus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

A segunda, na proposição do que o próprio Deus espera precisamente de quem o adora: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.23).

Ora, sabemos que conhecer a Deus só é possível porque o próprio Deus se revelou aos homens por intermédio de Jesus, a imagem perfeita do Deus invisível. Por isso Jesus afirmou: “Eu sou o caminho”. Desse modo, Jesus é o único meio pelo qual chegarmos a Deus. Não há nenhum outro: nem santos, nem anjos, nem Maomé, nem Buda, nem Maria, ninguém mais, nem religião alguma. Só podemos conhecer e nos relacionar com Deus através de Jesus, pois “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5).

Quando Jesus diz que a adoração deve ser “em espírito”, isso indica que Deus não pode ser representado por quaisquer imagens ou figuras. Quando diz “em verdade”, indica que toda adoração tem que ser realizada em conexão direta com a Palavra de Deus e subordinada a esta.

Em seu tatear incessante para cumprir o papel para o qual foi criado, em sua busca de se relacionar com o Divino na esfera espiritual, na maioria das vezes, o homem tenta preencher o vazio de não conhecer a Deus e produz para si deuses que não são, e fabrica ídolos que lhe satisfaçam essa necessidade inerente. Isso mostra que o ser humano foi criado essencialmente para ser um adorador e se relacionar com Deus. Esta é a marca indelével do Criador na humanidade, da qual esta não pode fugir ou omitir-se.

Os que fazem as coisas do seu próprio modo, e não como Deus orienta, caem na cilada de criarem deuses segundo seus próprios conceitos. Como diz o apóstolo Paulo, os tais “tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus... e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis... pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura, em lugar do Criador” (Rm 1.21-25).

Conhecer a Deus e ser um verdadeiro adorador pressupõe uma dupla ação relacional. Na primeira, o adorador precisa conhecer a Deus e se relacionar com Ele numa íntima comunhão espiritual. Na segunda ação, ele deve se relacionar com outros numa comunidade cuja expressão de fé tenha continuidade na inclusão de outros, de modo que todas as pessoas possam ter a oportunidade de conhecer a Deus e se relacionar com Ele.

       A nossa adoração é expressa numa comunidade de “iguais”, ou seja, de pessoas que possuem a mesma fé e adoram ao único Deus verdadeiro, embora sejam diferentes. Jesus criou a Igreja para ter “um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2.14). Foi a esse povo que Jesus deu a ordem de expandir a comunidade de adoradores. Ele disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20).

       Muitas pessoas não conseguem entender o porquê de os crentes em Jesus pregarem e buscarem levar outros a conhecer a Deus. Muitos pensam que estão bem na religião que professam e acham intrusiva a ação evangelizadora de terceiros. Mas uma coisa precisa ser entendida. Aqueles que tiveram uma experiência pessoal com Deus não podem se calar, antes, precisam cumprir a ordem de Jesus de levar essa mesma graça a muitos outros, pois se sentem impelidos pelo amor de Deus a compartilhar sua fé e a gerar novos discípulos. Não dá para conhecer a Deus e guardar essa bênção só para si, sem compartilhá-la com outros que dela necessitam.

       De certa forma, todos os caminhos levam a Deus, pois um dia todos os homens comparecerão diante de Deus no Juízo Final, muitos dos quais para vergonha eterna. Porém, para quem deseja viver em paz com Deus, aqui e agora, e também no Céu, eternamente, há um só caminho: Jesus!

       Se você decidiu: “Eu quero ser salvo, quero ter paz com Deus”, então siga este conselho divino: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”.