Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
Quando
Deus desejou dar-nos uma ideia da dimensão incondicional de Seu amor,
que comparação Ele poderia usar sem ficar devendo explicações
adicionais? É claro, se você pensou que Ele só poderia usar a comparação
do amor de mãe, então acertou. Deus disse certa feita: “Acaso, pode uma
mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se
compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se
esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Is 49.15). Nada
mais simples: o próprio Deus nos ama como uma mãe; e as mães, e somente
elas, amam como se fossem deusas.
A
palavra mãe, pela extensão de sua natureza e propósito, pode ser usada
como sinônima de muitas outras. Ser mãe é educar, é preparar para a
vida, é cuidar, é dar segurança, conforto, afeto. Há palavras que andam
sempre juntas do sagrado ofício de ser mãe: sacrifício, dedicação,
cuidado, abnegação, renúncia, coragem, amor. E quanto há, nesse bendito
sacerdócio, um tanto considerável de todas elas! É isso que faz com que
muitas mães deixem de lado o seu próprio futuro, tão somente para dar
uma oportunidade de preparo mais adequado aos filhos para enfrentarem a
vida. Muitas enterram os seus sonhos. Outras, só muito mais tarde,
quando os filhos partem do “ninho”, quando então o peso da idade já não
ajuda, é que procuram, numa nova atividade, dar um pouco de sentido ao
resto de seus dias.
A
Bíblia ensina: “Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo,
tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem
honra, honra” (Rm 13.7). Desse modo, especialmente no “Dia das Mães”,
todos os filhos têm uma oportunidade a mais para pensarem sobre o
respeito e a honra devidas às suas mães.
É
claro, não somente nesse dia específico e solitário, mas em todo o
tempo, durante toda a vida. Porque mãe é para sempre, não temos uma
ex-mãe, mesmo que já tenha partido. É singularmente verdadeiro o ditado
popular: “Mãe é uma só”. Isso nos lembra de uma coisa: temos de cuidar
da nossa mãe como se fosse uma flor rara e única de inestimável valor.
O amor de uma mãe pode ser mostrado de variadas formas, os filhos o sabem muito bem. Pode ser o
silêncio, quando suas palavras poderiam magoar. Pode ser a paciência,
quando alguém lhe é brusco. Pode ser a surdez, quando rebenta um
escândalo. Pode ser a consideração, quando os outros são atingidos pelo
infortúnio. Pode ser a prontidão, quando o dever a chama. Mas será
sempre o coração, quando a fatalidade aos filhos visita.
Todo
filho ou filha tem o sagrado dever de honrar e respeitar sua mãe,
tributando a ela a gratidão por todos os seus abençoados feitos de
criá-los e educá-los para vida. E isso principalmente enquanto ela vive.
Portanto, faça-a saber do seu amor e gratidão por tudo aquilo que fez
por você. Um presente, um simples gesto, uma palavra de agradecimento,
uma canção. Uma mãe merece tudo isso e muito mais, especialmente se vier
do âmago da alma, do mais profundo do coração.
Para
os que já perderam suas mamães, a gratidão está circunscrita à dimensão
de suas próprias memórias, talvez em lembrar-se de coisas singelas,
tais como: a segurança de ter estado no colo da mãe; um abraço após uma
queda; um beijo depois de medicar uma ferida; o silêncio em vez da
merecida bronca; o aconchego na hora do medo do escuro; o disfarçado
toque de “conte comigo” ao lhe deixar na escola; o modo único de dizer
num simples olhar: “Estarei sempre aqui”.
Aqui
gostaria de evocar a imagem de minha querida mãe Therezinha, a
Neguinha, que partiu há cinco anos para estar com o Senhor Jesus, a quem
amava de todo o coração. Ela sempre tinha algo de novo, mesmo que isso
significasse apenas expressar novas formas da sua abnegada dedicação em
amor aos seus filhos e filhas.
Mamãe
sabia que nós não paramos de lutar porque ficamos velhos; tornamo-nos
velhos porque paramos de lutar. Ela sabia que é preciso rir e encontrar
humor em cada dia. A Neguinha tinha sempre uma pitada de bom humor,
mesmo nos tempos de lutas; e era o bom humor que ditava o curso de sua
vida.
Mamãe
entendia que é preciso ter a vida acalentada por um sonho. Um de seus
maiores sonhos foi educar seus filhos para servirem a Deus na Sua obra, e
ela o viu realizado. Minha Neguinha não ficava a remoer remorsos, nem
tinha medo da morte. Mas, antes, perdoava sempre; entregava as suas
culpas a Deus, pois cria que Jesus nos purifica de todo o pecado. A
despeito das lutas, ela seguia sempre em frente na força que Deus
supria.
Se
a minha querida mãe estivesse aqui, a sua mensagem às mães seria esta:
“Esforce-se por ser uma mãe que agrada a Deus, nunca desista dos seus
sonhos, jamais deixe de tentar, siga em frente”.
Deus abençoe as mães!
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