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sábado, 11 de maio de 2013

Quando Fé e Simplicidade andam juntas

 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
 
  
 
Em um mundo onde as pessoas são julgadas pela habilidade com que fazem as coisas e pelo sucesso que alcançam, não é difícil confundir conceitos, especialmente fé com pensamento positivo, revelação de Deus com princípios de marketing de resultados, sorte com bênção, humildade com fraqueza, coragem com empáfia, simplicidade com timidez. Confunde-se principalmente as noções de fé e simplicidade como coisas excludentes.
       De modo geral, porém, quando observamos a história da Igreja e dos homens de Deus, vê-se claramente a acentuada evidência do binômio fé e simplicidade. Os ensinamentos dos profetas, de Jesus e dos apóstolos, muitas vezes, apresentam essa marca indelével, algo que nem o tempo ou os maus exemplos podem apagar. Isto porque a mais legítima fé não é um elemento da vida espiritual que prime pela sofisticação, de modo que não possa ser alcançada pelas crianças, nem tampouco pelo simplismo, que não deva ser recebida pelos doutos e letrados. Na verdade, o caminho da fé em Deus é tão sublime e, ao mesmo tempo, tão simples que “nem mesmo os loucos errarão o caminho” (Is 35.8).
Infelizmente, a simplicidade devida à fé tem sido um elemento relegado a um plano inferior  —  quando não totalmente esquecida  —  na pregação em não poucos púlpitos hoje. Quando vemos pregadores apresentando uma mensagem que prima pela sofisticação mercadológica, cujo cerne está centrado no sucesso pessoal e não na obediência a Deus; quando ouvimos mensagens que miram exclusivamente na necessidade de se fazer alguma coisa para receber bênçãos do Céu, numa acentuada negação da graça (favor imerecido) da parte de Deus; quando se percebe que a vida cristã autêntica está tendo o seu valor questionado pela prática de um “outro evangelho” que busca a performance e o lucro; sim, tudo isso nos mostra quão distante para muitos estão os princípios de fé e de simplicidade, desconhecendo que tais conceitos não somente andam conjuntamente mas também se locupletam.
       Num mundo voltado para o sucesso a todo custo, perde-se a noção de que no topo estão apenas uns poucos privilegiados que, numa mistura esperta de talento, trabalho árduo e boa sorte, conseguem a fama e o poder que ali se encontram. Esquece-se também que a pessoa que chega ao pico raramente é feliz por muito tempo, pois é logo devorada pelos temores de que pode escorregar e dar seu lugar a outro.
       A busca de sucesso e felicidade é inerente ao propósito para o qual fomos criados, mas foi desvirtuada pelo pecado. Tanto que Jesus, em suas cartas aos pastores das sete Igrejas da Ásia, faz gloriosas promessas “ao vencedor”, jamais ao perdedor (Ap 2 e 3). Fomos feitos para a vitória, mas a vitória da fé simples, não da esperteza sofisticada. Fomos destinados ao sucesso, cujo cerne é a obediência a Deus, não a sagacidade tenaz de levar vantagem a qualquer custo.
A essência e a simplicidade da fé cristã nos mostram uma filosofia espiritual inteiramente diferente e mais elevada do que aquela que motiva o mundo e alguns equivocados líderes religiosos atuais. De acordo com os ensinamentos de Jesus, os primeiros serão os últimos, e os últimos, primeiros; os humildes de espírito são bem-aventurados; os mansos herdarão a terra; os exaltados serão humilhados, e os humilhados, exaltados; o maior é aquele que serve, não o que é servido; aquele que vier a perder tudo por causa de sua fé é o único que, por fim, possuirá tudo; os que colocam sua confiança na riqueza são devorados pela preocupação e suas riquezas são corroídas pelas traças e ferrugens das incertezas do mercado.
Para Jesus, o segredo da vida plena está em amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo, não em ter coisas e conseguir sucesso. A obediência a Deus é mais bem apreciada do que fazer sacrifícios religiosos. Para herdar o reino de Deus, é necessário ter a simplicidade da mente de uma criança, não a pretensa sofisticação intelectual dos adultos.
       Fé e simplicidade andam sempre juntas. Para a pessoa de fé, o primeiro desejo não é ser feliz, é ser obediente e santo. A sua espiritualidade consiste em honrar a Deus com a sua vida, mesmo que isso signifique alguma perda. A sua visão não está centrada em coisas de valores efêmeros, mas no ponto de vista de Deus. Seu maior tesouro não é ter reconhecimento humano, mas a aprovação de Cristo.
Quem vive a genuína fé com a simplicidade do Evangelho pode obedecer a Deus e carregar a sua cruz a cada dia, a despeito das tribulações e incompreensões que isso possa acarretar. Só assim descobre que a pessoa de Deus é deveras encantadora, e servi-lo, algo de indescritível prazer.
Viva a sua fé com simplicidade. Isso tornará a sua comunhão com Deus mais deleitável que qualquer outro prazer. Quando a simplicidade de sua fé se apoia tão somente no caráter de um Deus Santo que não pode mentir, o seu coração sabe que Nele você pode verdadeiramente confiar!
 
 
 
 
 

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