O
Brasil está sediando a sua segunda Copa do Mundo. Perdeu a primeira no
sofrido e vergonhoso “maracanaço”. E agora, tem uma segunda chance de
vencer a Copa em casa. Vencerá? Perderá novamente? Quem sabe?
Sabemos
que a Copa do Mundo é uma competição; é luta, mas também é festa. Uma
festa em escala planetária. Cerca da metade dos sete bilhões de
habitantes do mundo para tudo para assistir aos jogos do maior fenômeno
esportivo mundial. Nações contra nações numa “guerra” diferente, onde
importa ganhar dentro do campo, em obediência a dezessete normas
estritas.
A
vida também tem a sua “Copa”, essa muito mais difícil, onde
semelhantemente muitos podem ganhar ou perder. A Copa da Vida é, de
longe, mais importante que a Copa do Mundo. Enquanto nesta o perdedor
pode se recuperar na copa seguinte, na outra a perda é irreversível e
irreparável.
Não
quero obviamente arriscar análises sobre quem ganhará esta Copa do
Mundo. Existem os narradores, os comentaristas, os milhões de “técnicos”
dentre os apaixonados torcedores, que poderão fazê-lo sobejamente. Mas
sobre a Copa da Vida, que venho “jogando” há tempos, e vencendo pela
infinita graça de Deus, gostaria de elencar algumas considerações.
Da
comparação dessas duas Copas brotam preciosas lições. Não sou o
primeiro a fazer isto. O apóstolo Paulo, antenado com o mundo de sua
época, usou o esporte como paradigma, emprestando conceitos das
olimpíadas gregas para falar da Copa da Vida.
Ele
disse: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.
Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa
corruptível; nós, porém, a incorruptível” (1Co 9.24-25).
Não
bastava competir; eles tinham de lutar do modo certo e ganhar. Deviam
exercer domínio próprio, não viver de qualquer jeito, como se todos os
caminhos levassem a Deus. Paulo entendia que Jesus é “o caminho, e a
verdade, e a vida” que conduz à vitória (Jo 14.6); e que “há caminho que
ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” ou
derrota (Pv 14.12).
Na Copa, assim como na vida, há normas. Paulo reconhecia que “o atleta
não é coroado se não lutar segundo as normas” (2 Tm 2.5). Quando arguido
a respeito da maior norma (ou mandamento), Jesus disse: “Amarás, pois, o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o
teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc
12.30,31).
A Copa do Mundo é assistida por milhões de espectadores. Na Copa da
Vida acontece algo semelhante: “Portanto, também nós, visto que temos a
rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo
peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança,
a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e
Consumador da fé, Jesus” (Hb 12.1-2).
Muitos
perdem na Copa da Vida porque têm colocado ídolos (imagens, dinheiro,
poder, sexo etc.) no lugar que pertence somente a Deus. No futebol há
impedimentos, faltas, punições, cartões amarelo e vermelho. Na Copa da
Vida, a infração principal é o pecado, a completa falta de “fair-play”
para com Deus e os próprios irmãos.
Mas
Deus, em vez de dar cartão vermelho, oferece graciosamente uma chance
de mudança: “porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos
os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões
mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente”
(Tt 2.11).
A glória dos estádios é vã; quem aplaude hoje na vitória, vaia amanhã
pela derrota. Na Copa da Vida, o vitorioso ganha um “eterno peso de
glória”, como se fosse o aplauso de Deus. Na Copa do Mundo, as seleções
lutam por um troféu que lhes pertencerá por quatro anos apenas. Na Copa
da vida, o troféu é eterno.
Naquela
como nesta, só os vencedores poderão ser coroados. Isto porque no céu
não há lugar para perdedores. Jesus disse: “O vencedor será assim
vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do
Livro da Vida” (Ap 3.5).
Alguns
são desclassificados pelo caminho. Mas é preciso avançar: “Prossigo
para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”
(Fp 3.14). É preciso vencer com fair-play, o que significa uma
“consciência pura diante de Deus e dos homens” (At 24.16).
Muito esforço é desprendido para ganhar uma Copa. Assim também é na
Copa da Vida, cujo alvo é ganhar o reino de Deus. Jesus afirmou: “O
reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam
dele” (Mt 11.12).
Gostaria, portanto, de lhe perguntar: você está preparado para vencer a Copa da Vida?
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
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