Que
tipo de adoração Deus leva em conta? Podemos adorar a outro ser que não
o Criador? Quando pensamos sobre a essência da adoração e o seu objeto,
temos necessariamente de observar esse assunto a partir do que o própio
Deus diz a respeito na Bíblia, não do que nossas ideias religiosas
preconcebidas tentam nos ditar. Deus apenas (portanto, nenhum outro) é a
autoridade primeira e última nessa questão.
Jesus
deixa claro que a essência da adoração é o amor. Isso ocorreu quando um
dos escribas lhe perguntou: “Qual é o principal de todos os
mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor,
nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o
teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a
tua força” (Marcos 12.28-30). Em suma, Deus é o único Senhor, portanto,
deve ser amado sem limites e acima de tudo. E quem o ama certamente o
adorará “em espírito e em verdade”.
A
questão do objeto da adoração verdadeira entrou na conversa de Jesus
com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó. Depois de falar da água
da vida e dar uma nova esperança àquela mulher, ouve dela uma indagação
sobre a verdadeira adoração. Sua dúvida era quanto ao lugar onde Deus
deveria ser adorado, se em Jerusalém ou em Samaria.
Nesse
ponto, depois de afirmar que o lugar da adoração deixara de ser
importante, Jesus adiciona um elemento a mais na revelação: “Mas vem a
hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus
adoradores. Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem
em espírito e em verdade” (João 4.23).
Jesus
ensina principalmente duas coisas nesta sentença. Primeiro, quando diz
“em espírito”, Ele está indicando o nível em que deve ocorrer a
verdadeira adoração. Ou seja, devemos comparecer diante de Deus com
total sinceridade e com um espírito novo, ou seja, uma disposição de
ânimo gerada e dirigida pelo Espírito Santo em nossa vida.
Segundo,
quando diz que a adoração deve ser “em verdade”, Ele está afirmando que
a adoração tem que ser prestada de conformidade com a verdade da
revelação que Deus fez Dele próprio através de Seu Filho Jesus.
Por
isso, os que propõem um tipo de adoração que ignora a Palavra de Deus
estão de fato desprezando, no seu todo, o único alicerce da verdadeira
adoração.
A
história está repleta de exemplos de servos de Deus que foram
confrontados com situações emergenciais que os colocavam, ou na situação
de serem adorados, ou na de se exigir que adorassem a outro deus que
não o Criador. Veja como eles procederam:
Quando
o apóstolo Pedro, avisado por divina revelação, foi pregar o Evangelho
ao centurião romano Cornélio, este quis adorá-lo. A Bíblia narra assim o
episódio: “E aconteceu que, indo Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo e,
prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo:
Ergue-te, que eu também sou homem” (Atos 10.25).
Hananias,
Misael e Azarias, jovens hebreus, foram confrontados pelo rei
Nabucodonozor para que adorassem a uma grande estátua de ouro do deus
babilônico. Se eles não o fizessem, seriam lançados dentro de uma
fornalha ardente. Assim eles responderam: “Se o nosso Deus, a quem
servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e
das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a
teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” (Daniel
3.17).
O
apóstolo João, quando recebeu a revelação do Apocalipse, teve o
encontro com um anjo majestoso e quis adorá-lo. O anjo assim lhe disse:
“Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantém o
testemunho de Jesus; adora a Deus” (Apocalipse 19.10).
Quando
Satanás tentou Jesus no deserto, propôs dar-lhe todos os reinos do
mundo e a glória destes, se tão somente Jesus o adorasse. “Então Jesus
lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a Ele darás culto” (Mateus 4.10).
Destes exemplos podemos depreender que nem homem, nem imagem de
escultura, nem anjo, nem Satanás, ou qualquer outro ser, por mais
importante ou majestoso que seja, pode ser merecedor de adoração. Isso
está de acordo com o primeiro Mandamento: “Não farás para ti imagem de
escultura... Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o
Senhor teu Deus” (Êxodo 20.4,5).
A
adoração, para ser levada em conta, tem que consistir em atitudes e
atos que reverenciem e honrem a majestade do único Deus do Universo.
Sendo assim, a adoração concentra-se em Deus, e não em falsos deuses,
nem no ser humano, nem em qualquer imagem de escultura, quer de anjos ou
de santos. Só Deus merece ser adorado, ninguém mais.
A Palavra de Deus ensina que qualquer adoração que não seja centrada em
Deus é falsa e ineficaz. Seja, portanto, um verdadeiro adorador. Adore
somente a Deus, sempre em espírito e em verdade. Essa é a única adoração
que Deus realmente leva em conta.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
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