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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Israel resiste à pressão por investigação internacional

Nações Unidas querem ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia no comando de comissão independente

Aumentou a pressão internacional para que Israel aceite uma investigação internacional independente sobre o ataque de suas forças armadas a uma frota de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, há uma semana – mas o país se mantinha até ontem irredutível, rechaçando a ideia. O incidente culminou com a morte de nove ativistas – oito turcos e um americano de origem turca.

– Rejeitamos a ideia de uma comissão internacional. A avaliação de Israel é de que não tivemos alternativa a não ser abordar o navio (o Mavi Marmara, de bandeira turca, com cerca de 600 pessoas a bordo). A embarcação era muito grande para ser parada com meios técnicos. Nossos soldados subiram a bordo e foram recebidos com barras de ferro, facas e, acreditamos, também com armas de fogo – disse ontem o embaixador de Israel em Washington, Michael Oren, em entrevista ao programa Fox News Sunday.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, declarou que seu país vai insistir na investigação independente. Na sexta-feira, a Turquia também exigiu um pedido público de desculpas por parte do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. O premier, porém, se recusou a fazê-lo, alegando que a resposta de seu país foi em “legítima defesa”.

Passageiros do Rachel Corrie começaram a ser expulsos

Fotos divulgadas ontem pelo grupo ativista turco IHH indicam que o governo israelense pode ter uma parcela de razão no caso – as imagens, como a publicada nesta página, mostram soldados israelenses feridos a bordo do Mavi Marmara, cercados por passageiros da embarcação. Israel mantém o bloqueio a Gaza desde que o grupo extremista Hamas tomou o poder no território palestino, em 2007.

A abordagem da frota humanitária tinha como objetivo buscar eventuais armas escondidas destinadas ao Hamas – mas ocorreu em águas internacionais, o que é ilegal. Netanyahu insistiu ontem que os ativistas turcos envolvidos no confronto do dia 31 de maio haviam se preparado para a luta, embarcando no navio separadamente dos demais passageiros, depois de se organizarem e se equiparem.

– A intenção foi provocar os soldados israelenses – garantiu ele.

Entre os líderes que pressionam Israel para que aceite a investigação independente está o presidente da França, Nicolas Sarkozy. Ele conversou ontem por telefone com Netanyahu e o “convidou” a acatar a proposta.

– Acreditamos que seja muito importante uma investigação confiável e transparente sobre esse ataque – declarou, no mesmo tom, o chanceler britânico, William Hague.

Pela proposta do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, a comissão de investigação seria comandada pelo ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia Geoffrey Palmer, um especialista em legislação marítima, e incluiria também representantes de Israel, da Turquia e dos EUA. Sem o apoio de Israel, o trabalho do grupo ficaria dificultado.

Também ontem, Israel começou a expulsar os passageiros de outro navio com carregamento humanitário, o Rachel Corrie, que tentou romper o bloqueio a Gaza e foi abordado sábado.
JERUSALÉM




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