Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
No
estádio Rose Bowl, o mesmo onde o Brasil sagrou-se tetracampeão de
futebol, o Tech Golden Tornado da Geórgia teve uma inusitada vitória de 8
X 7 sobre os Golden Bears da Califórnia, no futebol americano, nos idos
de 1929. A margem de vitória veio de uma jogada no primeiro tempo,
quando ainda nenhum dos dois tinha marcado. O Tech tinha a bola em seu
próprio campo, mas errou o alvo. Roy Riegels, zagueiro central do
Califórnia e capitão do time, apanhou a bola e partiu para a linha de
gol do Geórgia. Mas depois de alguns passos, ficou desorientado, talvez
por ter levado uma pancada, girou em volta e rumou para a sua própria
trave.
Setenta
mil torcedores aturdidos assistiam enquanto Roy corria contra o seu
próprio gol. Um de seus colegas de equipe o perseguiu, e finalmente o
alcançou, agarrando-o a uns 30 centímetros do gol. Desapontado demais,
Roy caiu no chão, tirou seu capacete e mostrou seu desalento. O
Califórnia tentou reverter a situação, mas o Geórgia interceptou o
chute, marcando 2 pontos de diferença, assegurando-se da definitiva
margem de vitória.
O
intrigante no caso não é o longo caminho errado percorrido, mas sim o
fato de o treinador Price ter escalado Roy Riegels para o segundo tempo,
avisando ao time que a mesma equipe que tinha jogado no primeiro tempo
jogaria no segundo.
No
vestiário, sentado num canto, Roy estava com uma manta por sobre a
cabeça e a face amparada nas próprias mãos, inconsolável, chorando como
um bebê.
Porém,
Roy pareceu não ter ouvido seu treinador, nem respondeu à situação.
Então Price foi até ele, pôs as mãos sobre os seus ombros e disse: “Roy,
levante-se e volte. Foi só o primeiro tempo da partida que acabou”.
Price
deu a Roy uma segunda chance. E uma segunda chance é tudo o que muitos
precisam para recomeçar a vida. Do mesmo modo, não raras vezes o Senhor
Deus nos concede uma segunda chance. Eu diria até que o Senhor é o Deus
da segunda chance.
Lembro-me
de Pedro. Impulsivo, falante, parecia tudo poder, mostrava-se forte;
mas por três vezes negou que conhecia Jesus. Aliás, o próprio Jesus
havia predito que ele o trairia. Pedro, impulsivamente como sempre,
jurou que isso jamais aconteceria. Mas aconteceu!
Pedro
desabou, chorou amargamente, desistiu de lutar. Quando Jesus
ressuscitou, ao encontrá-lo na beira do Mar da Galileia, não o censurou.
Pedro negara a Jesus três vezes diante de uma fogueira. Jesus constrói
uma fogueira para fazer frente às “chamas da negação” que ainda ardiam
na alma de Pedro. Então, por três vezes Jesus lhe perguntou: “Pedro, tu
me amas?”. Saindo daquele encontro, depois de reafirmar o seu amor pelo
Senhor, Pedro teve a sua segunda chance e foi transformado num dos
maiores líderes cristãos da história.
Maria
Madalena fora uma prostituta. Ao encontrar-se com Jesus, teve a vida
transformada. Apostara toda a nova vida na construção de um reino
eterno, o do Messias. Mas Jesus morre. Parecia tudo acabado. Sem futuro,
talvez temesse voltar à velha vida. Mas ela vai ao túmulo para levar
unguentos, pois, assim como os outros discípulos, não acreditava que
Jesus ressurgiria dos mortos.
Achou
o túmulo aberto, sem o corpo. Então Jesus lhe apareceu. Pensando ser o
jardineiro, ela pediu que lhe mostrasse onde colocaram o corpo do
Senhor. Nessa hora, Jesus lhe chamou pelo nome: “Maria!” Que doce! Ela
tinha um nome. Sabia que tinha agora uma segunda chance. Depois disso,
ela se tornou a primeira mensageira da ressurreição do Senhor Jesus.
Davi
era um simples pastor em Israel. Sensível de coração, era poeta, cantor
e salmista; mas também tinha a fibra de um guerreiro. Numa batalha
quase perdida, venceu o gigante Golias. Depois, tornou-se rei de Israel.
Ele tinha tudo: fama, poder, riquezas... e mulheres. Mas um dia, falhou
fragorosamente: seduziu e engravidou a mulher de um general do seu
exército. Com medo de ser descoberto, urdiu uma trama para matá-lo. E
conseguiu.
Ele
pensou que tudo estava resolvido. Mas Deus o confrontou por intermédio
de um profeta. Todo o povo ficou sabendo. Ele virou motivo de escárnio.
Mas se arrependeu, pediu perdão a Deus, e teve a sua segunda chance.
Depois disso, acertou o passo e compôs maravilhosos salmos sobre a
misericórdia de Deus.
Há,
porém, os que não buscam uma segunda chance. São como Judas. Depois de
trair a Jesus, em vez de arrependimento, sentiu apenas remorso. Em vez
de pedir perdão, saiu para enforcar-se.
Você
pode reagir como Pedro, Madalena ou Davi. Ou pode sucumbir como Judas.
Mas saiba que Deus está pronto a dar-lhe uma segunda oportunidade.
Porque, independentemente de seu erro, ou da sua atitude pecaminosa, o
Senhor é o Deus da segunda chance. Portanto, levante-se, busque a Deus,
pois ainda há esperança! Deus ama você!
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
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