Pr. Samuel Câmara
De acordo com ciência genética, há 99,4% de semelhança entre o ser
humano e os chimpanzés. Ao realizar uma análise comparativa de amostras
de DNA, o cientista americano Morris Goodman chegou a este resultado,
demonstrando que os chimpanzés estão geneticamente mais próximos do
homem do que de outros primatas. Isto esquentou o debate sobre criação e
evolução no recorrente embate entre fé e ciência, levantando um novo
capítulo na luta sobre a origem do ser humano.
De
fato, há duas explanações básicas, mutuamente exclusivas, quanto ao
surgimento do ser humano. De um lado, o criacionismo, que apresenta Deus
como o Criador, cuja base está na Bíblia. Do outro, a teoria da
evolução, baseada na teoria darwiniana da origem das espécies, que
sustenta ter sido um mero acidente. Mas há algo em comum entre estas
duas facções: é a extrema necessidade de fé para se acreditar nas
possibilidades que apresentam.
A
afirmação de que o homem descende do macaco é essencialmente um dogma
científico. Ora, um dogma, por definição, é o ponto fundamental e
indiscutível de qualquer doutrina ou sistema. A razão que faz da teoria
da evolução um dogma de fé em nome da ciência é que não há, por certo,
em parte alguma, qualquer evidência científica da mesma.
Para
se crer na teoria da evolução é necessário, portanto, acreditar
cegamente na suposição de um “elo perdido”. Mas tudo isso é apenas um
dogma de fé darwinista. Como os dogmas de fé são muito difíceis — se não impossíveis — de
refutar com argumentos científicos, muitas pessoas seguem
obstinadamente crendo em coisas não só desprovidas de fundamento
científico sólido, mas, além disso, em franca contradição com o
conhecimento científico acumulado até hoje.
A
Bíblia afirma que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn
1.26), ou seja, somos essencialmente dotados de características morais e
espirituais. Ao contrário da teoria da evolução, na Palavra de Deus não
existem “elos perdidos” nem tampouco desesperança. Há início, há um
propósito, há um destino.
Porém,
o “xis” da questão não é o grau de semelhança entre o homem e o
chimpanzé, mas o percentual de diferenciação. O que interessa mesmo é
descobrir sobre este 0,6% que faz tanta diferença. Pois nisso está a
raiz que diferencia o ser humano dos outros animais. Além do mais, é
essa diferença mínima que faz um ser humano ser o que é.
O
certo é que, em função desse 0,6%, um ser humano pode pender para o bem
ou para o mal; pode deslizar em ações de indizíveis baixezas ou
realizar feitos de inenarrável grandeza; pode ser capaz de proferir uma
deslavada mentira ou de cultuar a Deus numa genuína adoração.
Essa
pequena diferença fez com que o homem criasse a roda, os meios de
transporte, a comunicação oral e escrita; fez com que plantassem e
colhessem, construíssem casas e estradas; fez com que desenvolvessem
regras, leis, ideias, sentimentos, sistemas de valores; fez com que
controlassem o poder do átomo. Tal diferença mínima deu ao homem a
capacidade de acumular conhecimento e, a partir daí, gerar livros,
pinturas, navios, automóveis, eletrodomésticos, vacinas, roupas,
relógios, lâmpadas, computadores, satélites, naves espaciais etc.
Essa
diferença de alguma forma mostra a presença de Deus na vida humana. Não
só como Criador, mas também como Inspirador de todo o bem, pois “toda
boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das
luzes” (Tg 1.17). Entre outras coisas, a dádiva que vem com essa
diferença fez Beethoven escrever a Nona Sinfonia; levou Pelé a ser o
mais completo atleta de todos os tempos; fez cientistas realizarem
descobertas maravilhosas; levou poetas a encherem a vida de lirismo; fez
Davi cantar a vida em salmos; permitiu ao homem conquistar o espaço.
É
essa diferença de 0,6% que dota o ser humano de uma característica
única, segundo a Bíblia, de ter sido criado para se relacionar com Deus.
Nós somos seres essencialmente adoradores. Esta é a marca indelével do
Criador na humanidade, da qual não se pode fugir ou omitir-se.
Em
seu tatear incessante para cumprir o papel para o qual foi criado, em
sua busca de se relacionar com o Divino na esfera espiritual, na maioria
das vezes o homem tenta preencher o vazio de não conhecer a Deus e
produz para si deuses que não são, e fabrica ídolos que lhe satisfaçam
essa necessidade inerente; ou então, simplesmente tenta negar a sua
origem divina.
As Escrituras dizem que Deus quer manter relacionamento conosco e
procura adoradores que o adorem “em espírito e em verdade”. Mas também
afirmam o nosso dever de buscarmos o Senhor enquanto se pode achar, de
invocá-lo enquanto está perto (Jo 4.23; Is 55.6). Se assim o fizermos,
esse mínimo 0,6% que nos separa dos chimpanzés será a diferença que fará
toda a diferença em nossa vida, aqui e na eternidade.
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