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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Esperança que vale a pena



       Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém



Duas questões ficam sempre patentes num mundo marcado por sofrimento e dor, perdas e lágrimas, tragédias e males. A primeira questão trata da nossa esperança, e consiste numa dúvida existencial: se tenho de viver diante da incerteza quanto ao futuro, o que posso esperar da vida? A segunda tem a ver com um paradoxo: se Deus é tão bom e poderoso, por que permite que haja tantos males e sofrimentos no mundo?
Na primeira questão, normalmente, a abordagem mais geral e simplista é a de que o mundo vai de mal a pior, portanto, muitos ficam com a nítida impressão de não haver nenhuma esperança à vista. Mas isto, além de gerar desespero nas pessoas, aponta para uma outra realidade, o desconhecimento (ou descrença) do que Deus afirma na Palavra sobre nossa esperança futura.
       A Bíblia diz que este mundo com todas as suas mazelas passará, que haverá “novo céu e nova terra” e que “Deus habitará conosco” num mundo de justiça e paz. Nessa nova ordem, Deus “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21.4). Assim, a última palavra sobre o destino deste mundo pertence a Deus, cujo poder restaurará todas as coisas ao estado original de harmonia e paz. E aqueles que receberam Jesus como Senhor e Salvador são os que vivenciarão esse privilégio.
A segunda questão, sobre Deus permitir a existência dos males no mundo, acena com um simplismo ainda maior. Para alguns, Deus poderia simplesmente acabar com o mal, se Ele quisesse. Mas a resposta, decerto, tem a ver com nossa capacidade de escolher, de usar o livre-arbítrio que Deus nos concedeu. Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, e isso inclui a liberdade de fazer escolhas morais e éticas. Essa capacidade de decidir é essencialmente uma bênção, mas pode ser também uma maldição. Pode gerar vida, mas também morte. Isto porque escolher nos torna responsáveis pelas próprias decisões que tomamos.
Deus poderia nos ter criado de modo diferente, seres sem vontade própria, marionetes comandados pelos cordéis divinos, robôs programados para executarem determinadas funções, entes cuja existência alienada eliminaria os conceitos de obediência e amor. Se Deus simplesmente removesse a nossa habilidade de escolher, o mal desapareceria. Mas também não mais poderíamos optar entre amá-lo e obedecê-lo, ou não.
No entanto, Deus não deseja que vivamos uma fantochada. Ele deseja ser amado e obedecido por criaturas que escolhem voluntariamente fazê-lo, pois o amor jamais será genuíno se não existe a opção de não amar. Se Deus tirasse dos maus a capacidade de fazer o mal, ele deveria igualmente tirar dos bons a capacidade de fazer o bem. Mas Deus quer que eu e você olhemos para a fealdade do mundo e possamos dizer que a nossa opção continua sendo a de fazer o bem, não porque somos forçados, mas porque amamos a Deus e queremos fazer a Sua vontade.
Sempre que ocorrem tragédias é muito comum ouvirmos pessoas buscarem consolo na afirmação simplista de que “aquilo” foi a vontade de Deus. Mas isto está longe da verdade! Nós vivemos num mundo de livre-arbítrio, no qual a vontade de Deus raramente é realizada! Enquanto muitos oram hipocritamente para que Deus faça a Sua vontade, o mais comum é que realizem a qualquer preço suas próprias vontades egoístas.
Por que crianças morrem de fome? Por que são gastos bilhões de dólares em armamentos? Por que as guerras exterminam civis inocentes? Por que há ódios e rancores entre povos e nações? Por que morrem centenas de jovens numa boate? Quem poderia, em sã consciência, dizer que “isso” seria vontade de Deus?
Não culpe Deus pelos males do mundo. A culpa deve ser posta em pessoas que ignoram a vontade perfeita de Deus. Jesus ensinou que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos, amar os inimigos (não a gostar deles), em fazendo o bem a todos.
Deus nos criou e sabe como funcionamos. A Bíblia, o “Manual do Fabricante”, nos indica o caminho da nossa felicidade plena. Mas Deus jamais nos obrigará a obedecê-lo; a decisão é nossa. Imagine que alguém compre um eletrodoméstico e faça tudo diferente da orientação do manual. Haveria alguma possibilidade de reclamar garantia?
Deus diz: “Tenho te proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois a vida, para que vivas” (Dt 30.19). Precisamos fazer a vontade de Deus. Mas o único lugar onde a vontade de Deus é realizada perfeitamente é no Céu. Esta é a razão de não haver ali lágrimas, dor, mal.
A Terra, porém, é um lugar imperfeito por causa do pecado e das nossas escolhas egoístas. A felicidade está ligada à escolha de fazer a vontade de Deus todos os dias. Isto não é automático, depende de uma decisão nossa e da ajuda de Deus. É por isso que Jesus nos ensinou a orar: “Seja feita a tua vontade assim na Terra como no Céu”.
Deus está pronto para confortar-nos e dirigir-nos no meio das nossas angústias, dores e pesares. Mas Ele espera que essa escolha seja nossa.



 
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