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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Derrotando o derrotismo em 2015

 
 
O jornal Herald Tribune, de Nova York, publicou há alguns anos que um eminente homem público americano, sempre que ouvia alguém queixar-se de suas dificuldades pessoais como barreiras irremovíveis, apontava para um quadro fixado na parede do seu gabinete, no qual lia-se a respeito de um homem:
Fracassou nos negócios em 1831.
Perdeu a eleição para Deputado Estadual em 32.
Fracassou de novo nos negócios em 33.
Foi eleito Deputado Estadual em 34.
Sua noiva faleceu em 35.
Teve um esgotamento nervoso em 36.
Foi derrotado na escolha para Presidente do Legislativo em 39.
Foi derrotado na escolha para o Tribunal Eleitoral em 40.
Perdeu a eleição para Deputado em 43.
Foi eleito Deputado Federal em 46.
Tornou a perder a eleição para Deputado Federal em 48.
Perdeu a eleição para Senador em 58.
Perdeu a eleição para Vice-Presidente dos Estados Unidos em 56.
Tornou a perder a eleição para Senador em 58.
Foi eleito Presidente dos Estados Unidos em 1860.
Finda a leitura, ele emendava: “Essa é a fórmula pessoal para derrotar o derrotismo. Isso que aí está é um resumo da vida de Abraão Lincoln, o mais notório e aclamado dos presidentes norte-americanos”. Apenas lembrando, em 2009, ano do bicentenário de Abraão Lincoln, segundo uma lista elaborada por 65 renomados historiadores americanos, ele permanecia como o maior de todos os presidentes dos Estados Unidos. 
Sua vida nos ensina que, para derrotar o derrotismo, é preciso perseverança na caminhada, tenacidade na luta, firmeza de propósito. Esses são ingredientes indispensáveis na vida e absolutamente necessários em qualquer tipo de empreendimento. Aqueles que desistem obviamente não fazem história nem deixam legado algum que valha a pena ser lembrado. A história é feita por aqueles que perseveram e lutam até o fim.
       Não são poucos os que caminham pela vida sem saber aonde querem chegar, contanto que cheguem a algum lugar, pois esse será sempre o alvo que tinham em mente. Essa mesma lógica faz-me lembrar de um desenho do Snoopy que ilustra bem a estratégia de muitos quantos aos alvos a atingir na vida. Charlie Brown estava praticando arco e flecha no quintal da casa. Em vez de mirar em um alvo específico, ele atirava as flechas a esmo na cerca de madeira e desenhava em seguida um alvo onde a flecha havia atingido. Lucy chegou a ele e perguntou: “Por que você está fazendo assim?” Ao que Charlie Brown respondeu sem nenhum constrangimento: “É que desta maneira eu jamais erro!”
Há um velho ditado popular que enquadra bem todas as pessoas que assim procedem: “Quem não sabe para onde vai, qualquer caminho leva, e não chega nunca”.
No Brasil das incertezas de 2015, quando os pífios resultados da economia concorrem para dar vazão ao pessimismo, quando políticas governamentais equivocadas conspiram para exaltar o derrotismo, e tudo isso serve como desculpa para não se fazer planos nem estabelecer alvos coerentes na vida, é preciso levantar a cabeça acima de todas as coisas negativas e continuar crendo na vida e perseverando em busca da vitória.
Normalmente, todo início de ano as pessoas fazem planos, alguns desenvolvem cuidadosas estratégias, mas muitos desistem no meio do caminho, sentem-se desanimados e sem forças para prosseguir, com a nítida sensação de viverem a mesmice de um fracassado ambulante.
Eu entendo que toda pessoa, antes de pensar em novos alvos, deveria primeiro descobrir o porquê de não estar alcançando os alvos antigos. O problema é que começam perguntando por onde deveriam terminar. Cada pessoa, diante de fracassos recorrentes, deve se perguntar: o que está me impedindo de alcançar meus alvos pessoais?
Não são poucos os que fracassam porque são egoístas. Outros, porque não são humildes. E ainda outros, porque são soberbos e descrentes, vivendo como se Deus não se importasse com suas vidas.
Para vencer na vida, para derrotar o derrotismo, é fundamental depender de Deus, pois Ele não somente nos ama, mas também “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Ef 3.20). Abraão Lincoln disse: “Minha preocupação não é se Deus está ao nosso lado; minha maior preocupação é estar ao lado de Deus, porque Deus está sempre certo”. 
Há pessoas, contudo, que conscientemente preferem não contar com Deus, e pensam que podem estabelecer os alvos que quiserem, e assim, vencer sem depender de mais ninguém. Tiago, irmão do Senhor Jesus, adverte a essas pessoas: “Agora escutem, vocês que dizem: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e ali ficaremos um ano fazendo negócios e ganhando muito dinheiro! Vocês não sabem como será a sua vida amanhã, pois vocês são como uma neblina passageira, que aparece por algum tempo e logo depois desaparece. O que vocês deveriam dizer é isto: Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo” (Tg 4.13).
Uma boa maneira de descobrir se há algo de errado na vida e qual o caminho certo é buscar segura orientação na Palavra de Deus, que é “lâmpada para os pés e luz para o caminho” (Sl 119.105). A melhor maneira de derrotar o derrotismo é crendo que “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (Pv 16.1). E então poderá acrescentar: Em 2015, o Senhor é o meu Pastor; nada me faltará (Sl 23.1).
Lute sempre, persevere, e prossiga com Deus para obter um 2015 vitorioso, próspero e abençoado!
 
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém







sexta-feira, 22 de maio de 2015

A adoração que Deus leva em conta



 
 
 
Que tipo de adoração Deus leva em conta? Podemos adorar a outro ser que não o Criador? Quando pensamos sobre a essência da adoração e o seu objeto, temos necessariamente de observar esse assunto a partir do que o própio Deus diz a respeito na Bíblia, não do que nossas ideias religiosas preconcebidas tentam nos ditar. Deus apenas (portanto, nenhum outro) é a autoridade primeira e última nessa questão.
Jesus deixa claro que a essência da adoração é o amor. Isso ocorreu quando um dos escribas lhe perguntou: “Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Marcos 12.28-30). Em suma, Deus é o único Senhor, portanto, deve ser amado sem limites e acima de tudo. E quem o ama certamente o adorará “em espírito e em verdade”.
A questão do objeto da adoração verdadeira entrou na conversa de Jesus com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó. Depois de falar da água da vida e dar uma nova esperança àquela mulher, ouve dela uma indagação sobre a verdadeira adoração. Sua dúvida era quanto ao lugar onde Deus deveria ser adorado, se em Jerusalém ou em Samaria.
Nesse ponto, depois de afirmar que o lugar da adoração deixara de ser importante, Jesus adiciona um elemento a mais na revelação: “Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4.23).
Jesus ensina principalmente duas coisas nesta sentença. Primeiro, quando diz “em espírito”, Ele está indicando o nível em que deve ocorrer a verdadeira adoração. Ou seja, devemos comparecer diante de Deus com total sinceridade e com um espírito novo, ou seja, uma disposição de ânimo gerada e dirigida pelo Espírito Santo em nossa vida.
Segundo, quando diz que a adoração deve ser “em verdade”, Ele está afirmando que a adoração tem que ser prestada de conformidade com a verdade da revelação que Deus fez Dele próprio através de Seu Filho Jesus.
Por isso, os que propõem um tipo de adoração que ignora a Palavra de Deus estão de fato desprezando, no seu todo, o único alicerce da verdadeira adoração.
A história está repleta de exemplos de servos de Deus que foram confrontados com situações emergenciais que os colocavam, ou na situação de serem adorados, ou na de se exigir que adorassem a outro deus que não o Criador. Veja como eles procederam:
Quando o apóstolo Pedro, avisado por divina revelação, foi pregar o Evangelho ao centurião romano Cornélio, este quis adorá-lo. A Bíblia narra assim o episódio: “E aconteceu que, indo Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo e, prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem” (Atos 10.25).
Hananias, Misael e Azarias, jovens hebreus, foram confrontados pelo rei Nabucodonozor para que adorassem a uma grande estátua de ouro do deus babilônico. Se eles não o fizessem, seriam lançados dentro de uma fornalha ardente. Assim eles responderam: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” (Daniel 3.17).
O apóstolo João, quando recebeu a revelação do Apocalipse, teve o encontro com um anjo majestoso e quis adorá-lo. O anjo assim lhe disse: “Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantém o testemunho de Jesus; adora a Deus” (Apocalipse 19.10).
Quando Satanás tentou Jesus no deserto, propôs dar-lhe todos os reinos do mundo e a glória destes, se tão somente Jesus o adorasse. “Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto” (Mateus 4.10).
        Destes exemplos podemos depreender que nem homem, nem imagem de escultura, nem anjo, nem Satanás, ou qualquer outro ser, por mais importante ou majestoso que seja, pode ser merecedor de adoração. Isso está de acordo com o primeiro Mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura... Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor teu Deus” (Êxodo 20.4,5).
A adoração, para ser levada em conta, tem que consistir em atitudes e atos que reverenciem e honrem a majestade do único Deus do Universo. Sendo assim, a adoração concentra-se em Deus, e não em falsos deuses, nem no ser humano, nem em qualquer imagem de escultura, quer de anjos ou de santos. Só Deus merece ser adorado, ninguém mais.
        A Palavra de Deus ensina que qualquer adoração que não seja centrada em Deus é falsa e ineficaz. Seja, portanto, um verdadeiro adorador. Adore somente a Deus, sempre em espírito e em verdade. Essa é a única adoração que Deus realmente leva em conta.
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Culpa e Graça


  
 
Karl Menninger em seu livro “What Ever Became of Sin (em Português, algo como “De que é feito o pecado”), narra uma estranha cena, ocorrida em um dia ensolarado de setembro de 1972, na esquina de uma agitada rua de Chicago, nos Estados Unidos. Um homem bem vestido e de feições severas postou-se parado na esquina, enquanto os pedestres corriam de um lado para outro em seus afazeres. Então, ele solenemente levantava o seu braço direito, apontava para a pessoa que lhe estava mais próxima e, em voz alta, pronunciava uma única palavra: “Culpado!” – se fosse um homem; e sendo mulher, bradava: “Culpada!”
Sem nenhuma outra expressão e sem sequer alterar o seu semblante, ele então voltava à posição inicial para, minutos depois, repetir o mesmo gesto. A cena era grotesca. O homem parecia um daqueles loucos que aparecem de vez em quando, em qualquer lugar do mundo, com suas bizarrices. Mas, temos de admitir, ele era um louco dizendo a verdade.
O seu gesto causava um efeito quase assustador nos transeuntes. Estes ficavam olhando para o “acusador”, hesitavam momentaneamente, viravam-se, olhavam para ele novamente, para então seguirem o seu caminho.
De fato e sem sombra de dúvida, todos aqueles para quem ele apontou eram realmente culpados. Isto porque o pecado é universal, uma vez que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23).
Quando Marilyn Laszlo estava traduzindo a Bíblia para o povo Hauna, da Nova Guiné, ela chegou à palavra “pecado”, e então perguntou ao próprio povo o que eles pensavam que isto significava. Eles responderam: “É quando se mente”; “é quando alguém rouba”; “é quando matamos”; “é quando alguém toma a mulher do outro”. Sem jamais terem lido a Bíblia, eles estavam falando sobre o padrão de Deus conforme mostrado nos Dez Mandamentos. Isto porque eles “mostram a norma da lei (de Deus) gravada no seu coração” (Rm 2.15).
O problema é que essa mesma lei, em vez de nos ajudar, apenas serve para mostrar que todos somos pecadores e, portanto, fomos escravizados pelo pecado. Como Jesus asseverou: “Todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34).
Mesmo que alguém se ache um pecador de pequena monta, ainda assim, como dizia o doidinho na esquina, é culpado. E se alguém disse que não tem pecado, mesmo assim é culpado. Está escrito: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1.8). Alguém disse que a pior forma de insanidade é negar a culpa de alguém que vive no pecado e na descrença.
Foi para nos libertar do pecado e de todas as suas mazelas que Jesus veio ao mundo. Foi por amor que Ele morreu na cruz, para pagar a pena por nossos pecados, como está escrito: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is 53.6).
A morte reconciliadora de Jesus é uma verdade tão profunda que os estudiosos foram incapazes de analisá-la completamente. Mas como entender um gesto de amor supremo do próprio Filho de Deus, que era inocente e justo, ter morrido para pagar a pena por nossos pecados?!
Foi uma substituição: um homem inocente e justo carregou os pecados de toda a humanidade, pagando o seu preço. Foi assim que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11).
Mas como entender minimamente esse mistério?
O músico e pastor Cliff Barrows conta que certa feita seus filhos Bobby e Betty fizeram algo errado. Embora tenham sido gentilmente repreendidos, tornaram a fazer a mesma coisa e precisaram ser disciplinados. O coração de pai amoroso de Cliff doeu ao pensar que teria de punir aqueles pequeninos que tanto amava.
Assim, chamou os dois em seu quarto, tirou o cinto e a camisa, e então, com as costas nuas, ajoelhou-se ao lado da cama. Ele falou para cada filho bater-lhe dez vezes com o cinto, porque ele próprio, em vez de puni-los merecidamente, iria tomar o lugar deles no castigo. Ah, como eles choraram! Mas a pena precisava ser paga. As crianças soluçavam enquanto batiam nas costas do próprio pai. Depois disso Cliff os tomou num apertado abraço, beijou-os e então eles oraram juntos. “Doeu” – ele recorda – “mas nunca mais precisei bater neles”.
Jesus foi chicoteado por todos nós, relativamente falando. Ele tomou sobre Si todos os nossos pecados e carregou todas as nossas culpas, realizando uma plena e eterna salvação. Isso é graça de Deus! Tudo o que precisamos fazer agora é aceitar o Seu sacrifício e receber o Seu perdão. Isso é fé em Deus! E assim, seremos Seus filhos, e o Seu amor inundará o nosso coração de uma paz que excede todo o entendimento (Fp 4.7). Isso é comunhão com Deus!
Depois disso, num gesto recíproco de amor, poderemos devotar a Deus o restante de nossas vidas, pois a culpa não é mais nossa; Jesus a carregou definitivamente, deu cabo dela, extinguindo-a totalmente. Agora é só graça!
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


Publicação:
D.T.C.



domingo, 8 de fevereiro de 2015

O valor da disciplina espiritual





Oscar Schmidt, reconhecidamente o maior cestinha de todos os tempos, foi um jogador de basquete extremamente disciplinado. Quando começaram a chamá-lo de “mão santa”, por causa das espetaculares cestas que marcava em cada partida, ele prontamente contestou: “Mão santa, coisa nenhuma; eu treino muito para ser preciso nos arremessos. Depois de cada treino com a equipe, para me aprimorar ainda mais, eu fico na quadra e pratico cerca de mil arremessos”. Isso é disciplina esportiva!
O grande pianista Ignacy Paderewski, músico por vocação e profissão, falando sobre a necessidade de praticar diariamente, disse: “Se eu não praticasse tocar piano por um dia apenas, ao tocar pra valer, eu notaria a diferença. Se eu perdesse dois dias, os críticos notariam a diferença. Se eu ficasse uma semana inteira sem praticar, o público notaria a diferença”. Isso é disciplina profissional!
O apóstolo Paulo, comparando a vida disciplinada de um atleta (que buscava reconhecimento humano) com a dele como seguidor de Jesus (que buscava a aprovação de Deus), afirmou categoricamente: “Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (1Co 9.25-27). Isso é disciplina espiritual!
A lição que fica desses exemplos é que não devemos ser inconstantes em nossa disciplina, qualquer que seja a nossa área de atividade. Mas, principalmente em termos espirituais, se queremos que a nossa vida seja um testemunho vivo atraente para aqueles que precisam de um bom exemplo para buscar a Deus; se queremos espalhar “o bom cheiro de Cristo” no mundo apodrecido pelo pecado; se queremos que a nossa luz brilhe diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a nosso Pai que está nos céus; se a nossa meta é ser cada vez mais parecidos com Jesus Cristo, então temos o desafio incontestável de manter a disciplina espiritual a qualquer custo.
Disciplina não é algo para certas ocasiões festivas. Disciplina é algo que nunca acaba, até que se alcance o objetivo. Foi o que descobrira a tripulação do navio norueguês Vistafjord. O engenheiro do navio havia convidado alguns ilustres passageiros para visitarem a ponte de comando. Olhando o equipamento de navegação, um dos convidados comentou que os instrumentos de latão brilhavam como se fossem ouro. “Quantas vezes vocês fazem o polimento disso?” – alguém perguntou. “Todo dia” – o engenheiro respondeu – “Assim que paramos de polir, já começa a embaçar”.
A disciplina espiritual, por sua vez, não é algo para “dias santos”, ou aos domingos nas igrejas. Há pelo menos três coisas que, se exercitadas disciplinadamente, ajudarão com certeza a manter a pujança de uma vida espiritual vitoriosa.
A primeira é o louvor. O rei Davi, embora muito ocupado em guerrear contra os inimigos e em governar o seu país, afirmava: “Todos os dias te bendirei e louvarei o teu nome para todo o sempre” (Sl 145.2). Não devemos ser como as pessoas que só louvam ao Senhor nos cultos públicos, esquecendo-se que o louvor é para ser parte do nosso cotidiano. E, com certeza, há inúmeros motivos para louvarmos a Deus todos os dias. Basta querer e buscar exercitar-se nessa bendita motivação de um coração agradecido.
A segunda é a leitura e meditação na Palavra de Deus. Os discípulos de Jesus na igreja que estava em Bereia “receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (At 17.11). Não devemos ser como aqueles que só lêem “na Bíblia do pastor”, quando este faz a leitura de uma passagem durante o culto público aos domingos. Podemos dizer como o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105).
A terceira é a prática da oração perseverante, como Jesus ensinou (Lc 18.1). Costumeiramente, Daniel “três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus” (Dn 6.10). Não devemos ser como os que só oram durante as refeições ou quando enfrentam tribulações. Paulo ensinava que devemos experimentar viver “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito” (Ef 6.18). 
À medida que a volta do Senhor se aproxima, os problemas ao nosso redor se agigantam: a maldade cresce a cada dia; os padrões de conduta que serviram de guia durante décadas estão ruindo diante de nossos olhos; crimes, injustiças e desrespeito crescem assustadoramente. Este é o mundo que precisa do nosso testemunho como “filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual devemos resplandecer como luzeiros no mundo” (Fp 2.15).
Assim, quanto mais aprimorada for a nossa disciplina espiritual, louvando a Deus, lendo e meditando em Sua Palavra, orando e buscando de coração ao Senhor, tão mais profundamente estaremos imersos na graça de Deus e aptos a servir como testemunhas de Sua salvação e bondade para com todos. 
A disciplina espiritual tem um grande valor. E a vitória que traz produz uma grande recompensa!

Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


Publicação
DTC
 

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