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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

2012 - É o fim - Cinema

Filme aborda tema recorrente na tela grande, mas tem efeitos especiais assustadores

Marcello Castilho Avellar - EM Cultura
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Columbia Pictures/Divulgação


O cinema adora o fim do mundo. Principalmente quando o filme é de ação ou de terror. Adora de uma maneira até engraçada: quase sempre, quando está a um centímetro de chegar lá, a trama soluciona a questão, e o mundo se salva. No todo ou em parte. 2012, de Roland Emmerich, demonstra facilmente o porquê daquele fascínio, pelo menos em relação aos filmes de ação: o fim do mundo sempre é oportunidade perfeita para efeitos especiais impressionantes. E assustadores.


2012 parte do modismo atual em relação ao tema, a suposta previsão maia de que o mundo vai acabar daqui a dois anos. A partir dessa nova versão do “milênio”, o filme conta a história de um homem que, ao saber da catástrofe iminente e da possibilidade de salvação de algumas pessoas, tenta, a qualquer preço, salvar sua família. O enredo, já vimos em inúmeras outras obras. A parafernália pseudo-científica (a crosta terrestre estaria se “instabilizando”, e quem sobreviver aos terremotos gigantescos terá que enfrentar tsunamis de quilômetro e meio de altura) é tão pouco convincente quanto a de filmes análogos. Não importa para onde se olhe, 2012 tem gosto de comida requentada.


A impressão de deja-vu se estende até mesmo à percepção dos acertos e erros do filme. Ocorrem exatamente nos mesmos lugares que em outra criação de Emmerich, Independence day. Justiça seja feita, ele é genial naqueles momentos em que no núcleo da cena está o binômio ação-efeitos visuais. Quem gosta do gênero vai entrar em delírio, por exemplo, nas duas sequências em que nossos heróis precisam fugir de avião – aquelas criações de timing perfeito, em que você esquece que está vendo um filme e acredita piamente que algo pode dar errado. Tudo apresentado num visual magnífico, em que você subitamente percebe que as coisas poderiam parecer daquele jeito numa situação semelhante.

Em compensação, nas sequencias dramáticas Emmerich deixa a mão pesar. É óbvio, redundante, lento a ponto de ralentar a narrativa. O engraçado nessa história é que, vez ou outra, ele alcança o equilíbrio. Nestes momentos, ele quase realiza obras-primas (Stargate) ou, pelo menos, filmes incomuns (O dia depois de amanhã). O problema é que não aprende – e os espectadores de 2012 vão pagar o pato com uma obra mais longa do que o necessário.

É possível pensar em outra contradição que pode agradar os espectadores em 2012. Se as personagens principais são planas e previsíveis, a galeria de coadjuvantes pode agradar. Woody Harrelson nos presenteia com Charlie Frost, uma mistura de radialista e fanático, em êxtase por confirmar a veracidade de suas teorias conspiratórias. Danny Glover constrói uma paródia do altivo presidente interpretado por Morgan Freeman em Impacto profundo (outro filme que seguiu a mesma receita agora aproveitada por 2012). E o estoniano Johann Urb, interpretando um piloto com cara de capanga do crime organizado, vai garantir pelo menos uma gargalhada generalizada de qualquer platéia.

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