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domingo, 15 de novembro de 2009

Água na Lua amplia horizontes do homem, dizem especialistas

Nasa acha o equivalente a 12 baldes de água na Lua

O anúncio da existência de água congelada em uma cratera da Lua feito pela Nasa, agência espacial americana, nesta sexta-feira, entusiasmou astrônomos e especialistas no tema. De acordo com os pesquisadores, a descoberta, realizada após o impacto da sonda espacial LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite, em inglês) em 9 de outubro, pode abrir um novo capítulo na história lunar, além de ampliar os horizontes de sobrevivência para os seres humanos.

"Há muito tempo, outros pensadores - até mesmo os que não tinham nada a ver com astronomia - já diziam que, um dia, a Terra ia se desgastar, assim como nosso organismo envelhece e morre, e teríamos que encontrar outros lugares no espaço", comentou Ivandel Lourenço, responsável pelo Laboratório de Astronomia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Segundo ele, com toda tecnologia existente atualmente, a possibilidade de se construir uma base na Lua está cada vez mais próxima de acontecer. "Antigamente, o objetivo era encontrar ETs, mas isso deixou de ser prioridade. A comunidade científica está mais preocupada em descobrir zonas habitáveis que tenham água", analisou. "A LCROSS é a evidência de que a preocupação da humanidade é de expandir a exploração humana no Sistema Solar", concluiu Lourenço.

A Lua é uma testemunha preciosa da história e dos segredos do nosso Sistema Solar desde o seu nascimento, há 4,5 bilhões de anos, bem como uma importante reserva de recursos naturais, como oxigênio, hidrogênio, silício e hélio. "Ela tem um grande potencial de informações científicas para serem descobertas que se relaciona diretamente com o nosso entendimento da história da Terra e de outros planetas", resume o geologista Harrison Schmitt.

O único satélite natural da Terra, situado a 384.402 km de distância, continua sendo misterioso apesar das seis missões americanas que tocaram o solo lunar, realizadas no âmbito do programa Apollo, entre 1968 e 1972.

"Em nenhuma outra parte podemos contemplar com tanta clareza a época em que a Terra e os outros planetas do nosso sistema solar se formaram", destacou em um estudo recente a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. "O interior da Lua conservou intacta a história das primeiras etapas da evolução planetária e sua superfície sem ar também dá um testemunho contínuo da história terrestre e da ação solar", acrescentou.

"Somente voltando à Lua poderemos fazer novas explorações científicas e sanar as lacunas em nossa compreensão do sistema solar", concluiu a Academia, que recomenda a volta das missões tripuladas à Lua. Além das informações preciosas que contém sobre nossa origem, a Lua apresenta em sua superfície, na camada de poeira denominada regolito, com vários metros de espessura e produzida pelo impacto de meteoritos, oxigênio de fácil extração. Também há hidrogênio em quantidade menor.

O oxigênio e o hidrogênio podem ser utilizados para fabricar combustível para motores de foguetes, o que poderia reduzir consideravelmente os custos da exploração espacial, permitindo lançar naves além da atmosfera terrestre. O regolito lunar também contém silício, que pode ser utilizado para fabricar painéis solares. Várias empresas estudam a possibilidade de produzi-los na Lua com o propósito de fornecer eletricidade às colônias que se estabeleceriam ali no futuro.

O solo lunar também tem importantes reservas de hélio-3, um isótopo não-radioativo de hélio muito raro na Terra e buscado na fusão nuclear. A Lua conteria um milhão de t de hélio-3, quando apenas 25 t seriam suficientes para satisfazer as necessidades dos Estados Unidos e da União Européia.

LCROSS e LRO
Antes da colisão, a LCROSS lançou com sucesso um foguete sobre a cratera Cabeus A, que se encontra na região do pólo sul, na face oculta da Lua. O primeiro impacto do foguete vazio provocou uma coluna de poeira que subiu sobre o alto da cratera e foi seguido minutos depois pela sonda, que recolheu informação da esteira antes de cair.

A sonda espacial partiu da Terra em junho passado, a bordo de um foguete Atlas V, junto à sonda LRO (Lunar Reconaissance Orbiter). Os dois artefatos integram a primeira missão do programa Constellation, que prevê a volta do homem à Lua a partir de 2020.

Com informações da agência AFP




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